quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Por trás das lentes de Manu D’Ameida

A fotógrafa gaúcha Manoela D’Almeida pode ser considerada uma pessoa de sorte: viaja o mundo em busca das melhores ondas e leva isso como profissão. Aos 24 anos, ainda no “começo de sua carreira”, concilia a paixão pelo surf com o ofício de fotógrafa.
Manu teve seu primeiro contato com o surf aos 12 anos e, desde então, adotou não só o esporte, mas também o estilo de vida. Depois de passar uma temporada de três meses pelo leste australiano, não teve mais dúvidas de que queria viver disso. Fez faculdade de jornalismo, se especializou em fotografia e caiu no mundo.
Recém-chegada de uma trip só de garotas pelas Ilhas Maldivas, Manu conversou comigo sobre sua carreira, as viagens que já fez e sobre os desafios e delícias de se viver do surf. Confira!

Como foi sua iniciação no surf?

Eu sempre fui muito ligada aos esportes, e principalmente à água. Quando criança, pegava onda de “morey” na praia de Atlântida, pico que frequentei bastante durante a minha infância e adolescência.
Quando tinha 12 anos, meus amigos da praia começaram a pegar onda com prancha, e um dia, pedi para um me emprestar e na primeira vez que tentei ficar de pé, consegui. Lembro que aquela foi a melhor sensação que eu já tinha sentido. Depois daquilo, não quis saber de outra coisa.
Bem na época, meu pai tinha decidido voltar a surfar e tinha comprado uma prancha, então passei a pegar a prancha dele e sofri para conseguir ficar em pé de novo. Mas fui persistente e passei e me dedicar cada vez mais ao esporte.


Manu D'Almeida em Maldivas. Foto: Rick Werneck

Como uniu o surf à fotografia?

Na verdade, eu uni a fotografia ao surf! Já no primeiro semestre da faculdade de jornalismo, comecei a fazer estágios de fotografia e ganhei uma câmera. Então passei a fotografar as surf trips que fazia, e conforme fui progredindo na fotografia, passei a publicar meu material. Na época, tive uma grande influência da surfista e fotógrafa Roberta Borges.


Manu fotografa Brigitte Mayer. Foto: Rick Werneck


Você encontrou dificuldades no início da carreira? Se sim, quais?

Olha, ainda considero que estou no início da minha “carreira” e sempre encontramos dificuldades. Quem fotografa surf e se relaciona com o meio é porque ama muito o que faz. Infelizmente é uma carreira que não compensa pelo lado financeiro, e sim pelo estilo de vida.
Os materiais fotográficos são caros, e as fotos são pouco valorizadas no sentido comercial. Sempre procurei me diferenciar por ser jornalista e por poder oferecer reportagens com as minhas fotografias. Mas agora estou em um momento de investir mais em fotografia publicitária e de moda, aprendendo mais técnicas de luz, mas sempre envolvendo o universo surf.

Seus pais te apoiaram na sua escolha?

Meus pais são incríveis. Agradeço a Deus a família que tenho! Sou filha única de pais médicos, vinda de uma sociedade tradicional gaúcha! Ou seja, poderia não ter a escolha de investir na minha paixão. Mas só adquiri toda esta experiência em viagens e qualidade de equipamento pelo apoio da minha família.

Qual é a reação masculina ao ver uma garota fotografando o surf? Já enfrentou algum tipo de preconceito?

Olha, são muitas as reações. Na maioria das vezes é muito legal. O pessoal admira mesmo, sabe que você está ali por amor e quando pode, até ajuda. Já passei situações de duvidarem da qualidade do meu trabalho, em um primeiro momento, por eu ser mulher e nova. Mas quando que me viram em ação e depois viram o resultado, só ganhei admiração.

Quais picos de surf que você fotografou e surfou que mais te chamaram atenção?

Costa Rica, Fernando de Noronha, Califórnia, África do Sul, Hawaii, Maldivas.



Crowd absurdo em Pipeline. Foto: Manu D'Almeida


Qual o trabalho que mais te marcou até hoje?

Foi um que acabei de fazer, uma surf trip de mulheres para as Maldivas!

E como foi essa trip? Qual foi o intuito da viagem?

O intuito foi fazer um grande encontro feminino em um paraíso do surf. A revista virtual Ehlas que organizou toda a mulherada e fez a coisa acontecer. Foi de longe a melhor viagem que já fiz na minha vida. Não só pelas fotos incríveis que consegui fazer, mas por estar em uma surf trip de mulheres. Algo que sempre sonhei e nunca pensei que fosse se tornar realidade!
Adoraria repetir também, mas com mais tempo para poder surfar! Me dediquei a fotos de ação, dentro e fora d’água e muitos ensaios e fotos de lifestyle. A viagem teve milhares de aventuras, as meninas se deram muito bem e no final foi choradeira para ir embora. Amei cada segundo e aprendi muito com cada uma, fora que estávamos em um paraíso com uma cultura totalmente diferente.
O resultado vai sair na revista Ehlas de setembro, em especiais da ESPN Brasil que já começaram a rolar e também em mais algumas revistas.

Qual o pico que você chama de "quintal de casa"?

Olha, tenho viajado muito e realmente não gosto de pegar onda aqui no Sul. Durante muitos anos, a praia de Atlântida foi meu principal pico, mas o lugar que mais amo no mundo é a onda da Barra, na região de Garopaba.
Mas nas trip que fiz as melhores ondas foram: Cammieland (Hawaii), Pavones (Costa Rica), Jails (Maldivas), WindandSea (Califórnia), J-Bay (África do Sul), Tallows Beach (Austrália).


Claudia Gonçalves solta o pé em Chicken's Point, Maldivas. Foto: Manu D'Almeida

Conheça o trabalho de Manu D’Almeida: www.manuphoto.com.br e manuinsights.blogspot.com

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