Como foi sua iniciação no surf?
Eu sempre fui muito ligada aos esportes, e principalmente à água. Quando criança, pegava onda de “morey” na praia de Atlântida, pico que frequentei bastante durante a minha infância e adolescência.
Quando tinha 12 anos, meus amigos da praia começaram a pegar onda com prancha, e um dia, pedi para um me emprestar e na primeira vez que tentei ficar de pé, consegui. Lembro que aquela foi a melhor sensação que eu já tinha sentido. Depois daquilo, não quis saber de outra coisa.
Bem na época, meu pai tinha decidido voltar a surfar e tinha comprado uma prancha, então passei a pegar a prancha dele e sofri para conseguir ficar em pé de novo. Mas fui persistente e passei e me dedicar cada vez mais ao esporte.
Manu D'Almeida em Maldivas. Foto: Rick Werneck
Na verdade, eu uni a fotografia ao surf! Já no primeiro semestre da faculdade de jornalismo, comecei a fazer estágios de fotografia e ganhei uma câmera. Então passei a fotografar as surf trips que fazia, e conforme fui progredindo na fotografia, passei a publicar meu material. Na época, tive uma grande influência da surfista e fotógrafa Roberta Borges.
Manu fotografa Brigitte Mayer. Foto: Rick Werneck
Você encontrou dificuldades no início da carreira? Se sim, quais?
Olha, ainda considero que estou no início da minha “carreira” e sempre encontramos dificuldades. Quem fotografa surf e se relaciona com o meio é porque ama muito o que faz. Infelizmente é uma carreira que não compensa pelo lado financeiro, e sim pelo estilo de vida.
Os materiais fotográficos são caros, e as fotos são pouco valorizadas no sentido comercial. Sempre procurei me diferenciar por ser jornalista e por poder oferecer reportagens com as minhas fotografias. Mas agora estou em um momento de investir mais em fotografia publicitária e de moda, aprendendo mais técnicas de luz, mas sempre envolvendo o universo surf.
Seus pais te apoiaram na sua escolha?
Meus pais são incríveis. Agradeço a Deus a família que tenho! Sou filha única de pais médicos, vinda de uma sociedade tradicional gaúcha! Ou seja, poderia não ter a escolha de investir na minha paixão. Mas só adquiri toda esta experiência em viagens e qualidade de equipamento pelo apoio da minha família.
Qual é a reação masculina ao ver uma garota fotografando o surf? Já enfrentou algum tipo de preconceito?
Olha, são muitas as reações. Na maioria das vezes é muito legal. O pessoal admira mesmo, sabe que você está ali por amor e quando pode, até ajuda. Já passei situações de duvidarem da qualidade do meu trabalho, em um primeiro momento, por eu ser mulher e nova. Mas quando que me viram em ação e depois viram o resultado, só ganhei admiração.
Quais picos de surf que você fotografou e surfou que mais te chamaram atenção?
Costa Rica, Fernando de Noronha, Califórnia, África do Sul, Hawaii, Maldivas.
Crowd absurdo em Pipeline. Foto: Manu D'Almeida
Qual o trabalho que mais te marcou até hoje?
Foi um que acabei de fazer, uma surf trip de mulheres para as Maldivas!
E como foi essa trip? Qual foi o intuito da viagem?
O intuito foi fazer um grande encontro feminino em um paraíso do surf. A revista virtual Ehlas que organizou toda a mulherada e fez a coisa acontecer. Foi de longe a melhor viagem que já fiz na minha vida. Não só pelas fotos incríveis que consegui fazer, mas por estar em uma surf trip de mulheres. Algo que sempre sonhei e nunca pensei que fosse se tornar realidade!
Qual o pico que você chama de "quintal de casa"?
Olha, tenho viajado muito e realmente não gosto de pegar onda aqui no Sul. Durante muitos anos, a praia de Atlântida foi meu principal pico, mas o lugar que mais amo no mundo é a onda da Barra, na região de Garopaba.
Mas nas trip que fiz as melhores ondas foram: Cammieland (Hawaii), Pavones (Costa Rica), Jails (Maldivas), WindandSea (Califórnia), J-Bay (África do Sul), Tallows Beach (Austrália).
Claudia Gonçalves solta o pé em Chicken's Point, Maldivas. Foto: Manu D'Almeida
Conheça o trabalho de Manu D’Almeida: www.manuphoto.com.br e manuinsights.blogspot.com