sexta-feira, 9 de abril de 2010

Slater gosta mesmo do pódio

Pódio de Bells Beach, Australia. Foto: ASP

Falta de boas ondas, estrutura improvisada, pé direito lesionado e encarar o atual campeão mundial na final. Nada disso foi suficiente para impedir Kelly Slater de tocar o sino de vencedor da segunda etapa do World Tour 2010.

O palco principal da prova é a famosa e tradicional direita de Bells Beach. Mas em 2010, o campeão desta etapa foi coroado em Johanna, depois de ter passado por Winkpop e Thirteenth Beach ao longo da semana.

Faltando um dia para o término da janela de espera e sem previsão de um bom swell a caminho, a organização do Rip Curl Pro decidiu encerrar o evento nesta sexta-feira (noite de quinta no Brasil), numa maratona de dez baterias.

Slater, 38 anos e 9 títulos mundiais no currículo, estava com saudades do pódio. Mesmo com o pé machucado desde terça-feira, ele decidiu competir. Venceu o novato Dusty Payne na terceira fase, Michel Bourez nas oitavas, Bede Durbige nas quartas e Joel Parkinson na semifinal.

Seu último duelo seria contra Mick Fanning, atual bicampeão mundial. O freak americano não se intimidou e levou a disputa somando 17.03 pontos e com direito a um aéreo Alley-oop bem finalizado.

Fanning bem que tentou, mas saiu da bateria com aquele sorriso amarelo no rosto e amargou o segundo lugar no pódio.

Mick Fanning. Foto: ASP

No time verde amarelo, Adriano de Souza parou nas quartas diante do atual líder do ranking, Taj Burrow. Jadson André travou um duelo de backside com o “chicano” Bobby Martinez, e encerrou sua participação em 9º lugar.

Adriano de Souza decola em Johanna Beach. Foto: ASP

Neco Padaratz e Gabriel Medina, o fenômeno brasileiro de apenas 16 anos que competiu como convidado, perderam seus confrontos na terceira fase. E Marco Polo, assim como na primeira etapa, foi eliminado na repescagem. Ainda não provou que merece um lugar na elite mundial.

Com esta vitória, Kelly Slater retoma o gosto pelo prazer de levantar o caneco e mostra-se mais vivo do que nunca na briga pelo inédito 10º título mundial. Ah sim, ele também aumentou para 42 o seu recorde de vitórias no ASP World Tour e igualou a marca de Mark Richards com o tetracampeonato de Bells Beach.

Slater compete lesionado, mas isso não faz a minima diferença. Foto: ASP

Agora a próxima parada do Dream Tour é no Brasil. A terceira etapa acontece entre os dias 23 de abril e 2 de maio, em Imbituba, Santa Catarina. É a chance dos brasileiros, mas não pensem que será fácil deter Slater!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Fenômeno em ascensão

Stephanie Gilmore comemora segunda vitória em 2010. Foto: ASP
Enquanto os homens ainda duelam para definir o campeão do Rip Curl Pro Bells Beach 2010, o título feminino já tem dona, e não é novidade para ninguém.

A tricampeã mundial Stephanie Gilmore, de apenas 22 anos, superou a peruana Sofia Mulanovich e tocou o sino na segunda etapa do Women’s World Tour. O resultado já era esperado e confirmou o favoritismo da australiana para este ano, que começou com a vitória no quintal de sua casa, na Gold Coast, na abertura da temporada.

Steph é um fenômeno, que vem se superando a cada ano. Ela é a mais nova atleta a ganhar o World Tour da ASP e sua trajetória vitoriosa começou em 2007, ano que estreou na elite mundial. De lá pra cá, venceu todas as temporadas que participou e desponta no ranking de 2010, rumo ao seu quarto título. Isso tudo com apenas 22 anos, vale lembrar!

Seu talento nato para as ondas, e para o pódio, é altamente justificável. Australiana, nascida no berço do surf mundial, cresceu vendo os Coolie Kids (Mick Fanning, Joel Parkinson e Dean Morrison) quebrando a vala em Snnaper Rocks e Kirra, na Gold Coast.

Surfando em uma das bancadas mais famosas do mundo, com “professores” como os que teve, o ingrediente decisivo desta fórmula de sucesso é o dom para competições.

Seu surf é clássico, mas ao mesmo tempo forte, com manobras agressivas, mas sempre executadas com muita graça e elegância. Jovem sim, mas com muita experiência. Tranqüilidade, cabeça no lugar, concentração e, claro, muito surf no pé.

Rasgada forte e precisa, mas com leveza de bailarina. Foto: ASP

Com essa combinação de fatores, Stephanie nunca se intimidou com as feras do tour, como Sofia Mulanovich, Layne Beachley (7 vezes campeã mundial, aposentada em 2008), Chelsea Hedges e, por que não dizer, Silvana Lima, a “surfista mais radical”, segundo as próprias competidoras.

Agora, a próxima parada do tour cor de rosa começa domingo, em Taranaki, Nova Zelândia. Ainda é cedo para apontarmos quem será a campeã de 2010, mas Gilmore segue num ritmo difícil de ser alcançado.

Ela é, sem sombra de dúvidas, um fenômeno em ascensão.

E a Silvana, hein?

Bom, a cearense Silvana Lima, continua uma incógnita para mim. Seu surf é inquestionável, moderno e admirado por qualquer pessoa que conheça o assunto. “Ela surfa como um homem”, dizem alguns. E é a única mulher na elite mundial a arriscar manobras aéreas.

Então porque Silvana fica sempre no quase?

O que falta para a brasileira chegar ao título mundial? Foto: ASP

Em 2005, o mundo do surf conheceu Silvana Lima, quando ela, competindo como convidada em Haleiwa, arrancou um 10 unânime dos juízes num tubo perfeito. Estreou na elite em 2006, finalizando em 9º.

Em 2007, escalou algumas posições no ranking e terminou a temporada em terceiro lugar. Seguindo esse ritmo, foi vice em 2008 e tinha tudo pra se sagrar campeã em 2009, ano que ganhou duas etapas: a conceituada Bells Beach e a etapa de Sydney, ambas na Australia.

Mas não foi desta vez. Então começou 2010 e Silvana veio com tudo, como uma grande promessa e enchendo os brasileiros de esperança.

Surf de campeã ela tem de sobra! Foto: ASP

Ainda não decolou, tanto na Gold Coast quanto em Bells, a cearense parou nas quartas de final e amargou a 5ª posição.

O World Tour feminino está cheio de novos talentos, como Sally Fitzgibbons, Page Hareb, Coco Ho, Carissa Moore, Lee Ann Curren e Bruna Schmitz. Mas a única atleta que realmente ameaça os planos de Silvana rumo ao título mundial é Stephanie Gilmore. E é aí que está o problema: ninguém consegue detê-la!

Disputa direta pelo título mundial de 2010. Quem vai levar? Foto: ASP

Sinto que falta pouco para Silvana chegar lá. Surf no pé não é problema, talvez um pouco mais de concentração e sangue frio nas baterias ajude a soltar mais seu talento e agradar os juízes.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Desabafo numa terça-feira cinzenta

Cena comum no meu cotidiano. Foto: Divulgação


Fechada entre quatro paredes, o pensamento voa e encontra um retiro. Um lugar de paz, de tranquilidade, quente e bem diferente de onde estou agora.
Neste lugar não há caos e o único barulho que ouço são as ondas do mar, quebrando imponentes e me convidando ao desafio de domá-las. Sinto a areia branca e fina com os pés e a brisa refresca meu rosto.
Ao meu redor, a natureza é plena, o verde das árvores está sempre em harmonia com o azul do céu. Em meio a mata, sinto me como parte do planeta, peça fundamental nesse cenário de perfeição. A trilha sonora é composta pelos pássaros que alegram o local com sua cantoria.
O mar é o refugio para os pensamentos ruins. Submersa nas ondas, não me lembro mais dos problemas comuns da vida na cidade grande. Já não lembro mais qual é o som da rua, nem tampouco a cor cinza daquele lugar.
Agora, diante desse paraíso, tudo isso está distante, apenas uma lembrança ruim, um tempo que quero esquecer.
Aqui a simplicidade torna a vida rica e são nos pequenos detalhes que a felicidade mora. Aqui, as pessoas são realmente amigas, solidárias e pouco importa sua classe social ou sua situação financeira.
Parece um sonho e é.
Eis que o telefone toca e me traz de volta a minha fria realidade. Os pés continuam gelados, a chuva ainda traz transtornos lá fora e o mar está longe de mim. O verde das matas e o azul do céu dão lugar ao cinza homogêneo dessa cidade.
Permaneço ainda neste local onde não me encontro, não me reconheço, não me aceito.
Agora, diante dessa realidade, a natureza parece distante, apenas uma lembrança boa, de um tempo que não me canso de reviver.